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domingo, 19 de junho de 2011

SETENTA ANOS

A 4 de agosto de 1901 - conta João Pinheiro - reuniram-se, em casa do próprio memorialista, rua da Glória, Higino Cunha, Arquelau Mendes, Luís Evandro Teixeira, Domingos Monteiro, João Pinheiro, Antonino Freire, Clodoaldo Freitas, Manoel Lopes Correia Lima, João José Pinheiro e Fócion Caldas, e criaram a Academia Piauiense, para constante trabalho em favor do primeiro domingo seguinte, o que não houve. A iniciativa faleceu no nascedouro. Surgiram outras associações literárias, como a "Sociedade José Coriolano", os grêmios "Esperança", "David Caldas", e o primeiro “Cenáculo Piauiense de Letras”, em 1913, nascido morto.

Fundaram-se seguidamente o Congresso Estadual de Letras (1914), a Academia Piauiense de Letras (1917), a Arcádia dos Novos (1918), o Cenáculo Piauiense de Letras, pela segunda vez (1927), a Associação dos Moços Teresinenses (1932) e o Clube dos Novos (1946), este sob o comando de M. Paulo Nunes, para falar das entidades criadas antes do primeiro centenário de Teresina, todas de vida curta, com exceção da Academia Piauiense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, - e este não morreu por virtude dos teimosos e grandes esforços de Josias Carneiro da Silva.

A idéia de fundar a Academia Piauiense de Letras coube a Lucídio Freitas, jovem poeta muito admirado. Deu-se o episodio as nove da manha de 30-12/1917, no Salão nobre do Conselho Municipal, Praça Marechal Deodoro, prédio em que durante muitos anos funcionou a Intendência e de 1936 em diante a Prefeitura. Fundadores, por ordem do registro da ata respectiva: Higino Cunha, Clodoaldo Freitas, João Pinheiro, Fenelon Ferreira Castelo Branco, Jônatas Batista, Edison da Paz Cunha, Antônio Chaves, Benedito Aurélio de Freitas, Celso Pinheiro e Lucídio Freitas, que foi presidente da reunião.

De 1917 até hoje governaram o sodalício os presidentes Clodoaldo Freitas, Higino Cunha, Matias Olímpio, Martins Napoleão, Álvaro Ferreira, Clidenor Freitas Santos, Simplício Mendes. Desde 1971, vem sendo conduzida humildemente pelo autor destas notas.

A instituição manteve-se fiel a Lucídio Freitas e aos seus nove companheiros fundadores. Funcionou em casas particulares, em prédios oficiais ou alugados pelo governo, viveu sem tostão, aqui e ali auxiliada por governantes decentes que lhe publicavam a revista e obras literárias dos acadêmicos - mas nunca esmoreceu. Possui hoje a sede própria e sustenta-se de pequenas rendas que lhe proporcionam órgãos do governo, e prossegue, com dignidade, o modesto trabalho de bem servir, sem que jamais tenha cobrado de quem quer que seja pagamento de serviços prestados, pois tem como dever precípuo a cooperação com a vida cultural da terra.

Setenta anos está inteirando a Casa de Lucídio Freitas neste dia 30 de dezembro de 1987. Orgulho-me dela e dos companheiros que me ajudam a conduzi-la, no respeito permanente à memória dos que a fizeram e não permitiriam que o ideal morresse - o ideal de Lucídio, tão grande que continua vivo e inspirador.


A. Tito Filho, 30/12/1987, Jornal O Dia

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