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sexta-feira, 24 de junho de 2011

NUDEZ CASTIGADA

De todos os lados o sexo se confunde com a paisagem brasileira. A publicidade se faz com mulheres nuas ou seminuas, nádegas descobertas, seios do mesmo jeito, suéteres colados para maior realce de saliências provocantes. A propaganda tem explorado a mais não poder a mulher, na exibição de corpos desnudos, ao lado dos produtos da civilização industrial. Sexualizam-se os sentidos do infeliz homem desse fim de século louco e depravado. Pior: a fêmea pelada da publicidade nenhum aspecto artístico possui - e o nu comercial apenas se presta à mulher do mundo se(m) afeto, - as brigittes, a vedete, a misse disso e daquilo, a garota propaganda, os gênios do canto, da dança clássica, da arte universal ou xuxas das crianças órfãs de pais vivos, e os meninos que com elas se educam; os modelos das pastas de dentes, a intimidade dos beibidóis, as mamas artificiais por baixo de blusinhas transparentes, os biquínis, de chumaço, os forros dos traseiros ou bumbuns descobertos na televisão - processos em evidência de que se utiliza a propaganda para a corrupção da sociedade brasileira e contra a qual devem reagir a família e a escola e as instituições sociais - uma reação que se faça contra a publicidade nociva no lar e na rua, educando-se a coletividade para a vida sexual sadia e digna.

Iniciou-se a nudez feminina no Brasil na tristíssima década de 60, com o famoso striptease, ou desnudamento paulatino, peça por peça, nas casas de diversões, cabarés, ambientes de meretrício, - desnudamento acompanhado de música erótica para incitar apetites STRIP vale despir, tease é o que importuna ou aflige; o composto quer dizer despir o que enfada, ficar nu ou nua.

Depois seria o topless, ou seja, menos (less) no cimo, no cume (top): seios desnudos, balançando, sem sutiã, nas praias, nas ruas. Adiante, o pelado integral, completo, sem a proteção do próprio triângulo peluginoso, como em alguns pontos das praias turísticas deste Brasil desavergonhado. E elas, nuas, convidam os machacás para o amor - e estes apenas as olham, desvontadosos, empanturrados de tanto sexo à mostra, as cousas boas fora dos esconderijos. E recusam o banquete carnal, mandando que elas tenham mais pudor. Mais uma vez a nudez recebe o merecido castigo.


A. Tito Filho, 23/10/1987, Jornal O Dia

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