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segunda-feira, 13 de junho de 2011

O MANIFESTO

Derrotada a Coluna Prestes, o seu Chefe, o estrategista Luiz Carlos, internou-se na Bolívia, de onde seguiu para a Argentina, e na capital portenha recebeu curso de comunismo. E como comunista Prestes retornou ao Brasil, bem doutrinado nas teses de Marx, Engels, Lenine, depois Stalin. No Rio, iniciou arregimentação, foi perseguido, condenado, preso. Em 1945, com os benefícios da anistia, saiu da cadeia, aderiu ao seu vigilante carcereiro, de nome Getúlio Vargas, e elegeu-se, no pleito de 2 de dezembro de 1945, senador da República - mandato que lhe foi cassado, no ano de 1945, no Governo do general Eurico Dutra. Criou-se no Brasil o medo ao comunismo - e desse medo e dos sentimentos cívicos dos quartéis militares nasceu a repulsa ao regime de Moscou, e dos satélites da imensa Rússia. O mágico Getúlio, ano de 1937, acabou com as eleições presidenciais de 1938, outorgou aos brasileiros a Constituição de novembro, e implantou uma ditadura pessoal de oito anos.

A base de todo esse aparatoso regime denominado Estado Novo foi o suposto Plano Cohen, de natureza comunista, que depois se tornaria uma das mentiras mais desastrosas do Brasil. Afinal de contas o regime dos bolchevistas, criado pelo manifesto do sociólogo e historiador Marx, ajudado por Engels, que pretendia e pretendeu? Apenas dos seguintes princípios se compõe a proposta marxista: 1) expropriação da propriedade privada das terras, imposto de renda progressivo, abolição da herança, a criação do banco nacional para monopolizar operações, a estatização das ferrovias e meios de comunicação, o cultivo de terras ociosas, o solo a serviço da comunidade, o trabalho obrigatório, a unificação da agricultura com a indústria, a descentralização populacional, o ensino gratuito, a proibição do trabalho à criança. Muitos países do Ocidente - Inglaterra, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Espanha, Portugal, França, como exemplos, já copiaram as normas do manifesto de Marx. O próprio Brasil acatou alguns dos seus princípios. A lição está nisto: o comunismo não é tão feio quanto o pintam certos declarados inimigos do progresso social. Neste mês de novembro de 1987 decorrem setenta anos de comunidades das Repúblicas Socialistas Soviéticas, fato histórico irrecusável, sérias conseqüências para os destinos da humanidade.


A. Tito Filho, 10/11/1987, Jornal O Dia

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