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quarta-feira, 22 de junho de 2011

AS ACADEMIAS

Os grandes poetas de frança, nos últimos tempos do século XVI, costumavam reunir-se, a fim de que discutissem literatura e outros temas. Suspensos esses encontros por razões de guerra, no princípio do século seguinte a intelectualidade mais projetada retorna às reuniões - Corneille, Bossuet, La Rouchefoucald e outros. Em 1635 constitui-se uma associação e Richelieu a oficializa dando-lhe a prerrogativa de reguladora da língua francesa e guarda das suas tradições. Concedeu-lhe o cardeal privilégios. Nascia a Academia Francesa, matriz de muitas que se foram criando com o passar dos anos. Atacada duramente, resistiu às mais impenitentes censuras. Desprezou-se a Lesage. Culparam-na da decadência da literatura. Diziam-na alguns própria das mediocridades felizes. Manteve-se serena e forte, alheia aos apedrejamentos.

Outras instituições surgiram na Europa, como a Arcádia Romana, a Academia dos Confinados de Pavia, dos Declarados em Sena, dos Elevados em Ferrara, dos Inflamados em Pádua, dos Unidos em Veneza, dos Generosos e dos Singulares em Portugal - para citar algumas que pude colher em publicações diversas.

Na terra lusitana, no avôzinho Portugal, fundaram-se a Academia Ulissiponense, a Academia das Ciências, ainda hoje de grande prestígio nos domínios da vida intelectual portuguesa, a Nova Arcádia.

O Brasil teve, na Bahia, a Academia dos Esquecidos, a Academia dos Felizes, a dos Seletos e a dos Renascidos. No Rio de Janeiro, apareceria a Arcádia Ultramarina em 1770.

Criou-se a Academia Brasileira de Letras e cada Estado da Federação criou a sua, pelo modelo da Francesa e da Brasileira. Chegaria a vez das academias regionais e municipais, e neste ponto o Brasil hoje está rico numericamente de entidades acadêmicas por dezenas e dezenas de municípios. Além da Piauiense, o Piauí, já conta com mais três. É bom que assim seja, para que se intensifique a atividade intelectual, uma vez que, esses centros constituem incentivo a quantos aspirem a um lugar ao sol na vida da inteligência das coletividades.

De todas essas organizações culturais, a mais famosa sempre foi a celebérrima Academia Francesa, de propósitos tradicionais, guardiã de bom estilo, na verdade um grêmio literário nobre e do mais alto acatamento.

Os incautos ou desconhecedores dos objetivos verdadeiros das Academias pensam que nelas só devem assentar-se poetas, teatrólogos, ficcionistas. Puro e ledo engano. As Academias que se prezam convocam para as suas atividades todos os que podem concorrer para o aperfeiçoamento espiritual do homem.


A. Tito Filho, 19/12/1987, Jornal O Dia

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