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quinta-feira, 5 de maio de 2011

ALGUNS ASSUNTOS

Do "Jornal do Brasil", edição de 31 do finado, mês de outubro, copio o seguinte: "A cobertura, filé-mignon dos prédios de apartamentos, não é para quem quer, mas fundamentalmente para quem pode: algumas, nas cobiçadas Avenidas Vieira Souto e Delfim Moreira, chegam a custar cinco milhões de dólares (Cz$ 340 milhões, no paralelo) e outras têm até quadra de tênis com vista para o mar - como a do empresário Alfredo Saad - ou jardim de Burle Marx e pomar - como a do escritor Rubem Braga. Na de Saad (Edifício Chopin), na Avenida Atlântica, existe uma suíte dentro de tenda árabe, exclusiva para o rei Pelé; na de Rubem Braga, à beleza de Ipanema se juntam mangueira, jabuticabeira, cajueiro, coqueiro, pitangueira e goiabeira. As mais sofisticadas, além do eixo Delfim/Vieira Souto, concentram-se na Avenida Epitácio Pessoa".

Leram bem os leitores? No último andar de um edifício faz-se o chamado apartamento de cobertura. O de Rubem Braga possui um pomar. Custa essa moradia cinco milhões de dólares. Como vivem milhões de brasileiros? Em casa de taipa, choupanas, habitações inumanas, sub-humanas. Pode o Brasil continuar assim, nesse afrontoso aparato de mansões de superluxo e dependências ociosas? Nesta própria Teresina existem imóveis residenciais de dez ou mais banheiros, alguns utilizados só pelos bichos domésticos, gatos, cães e preás.

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Já demos governadores ao Estado do Rio, a Pernambuco, a Minas Gerais, ao Amazonas. Entregamos prefeitos ao antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro). No império, dois ministros: Francisco José Furtado (Justiça) e o marquês de Paranaguá, que ocupou três pastas - da Justiça, da Guerra e da Fazenda... Ao tempo da República Velha, Governo de Artur Bernardes, um ocupante de Ministério, José Félix Alves Pacheco (Relações Exteriores), que veio à luz na ensolarada Teresina. A República Militar, instituída em 1964, convocou piauienses para funções ministeriais: Reis Velloso (Planejamento), Petrônio Portella (Justiça) e Waldir Arcoverde (Saúde). A Nova República agora recebe Hugo Napoleão do Rego Neto. Registra-se o esclarecimento ora confiado aos que desconhecem os fatos.

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Amigos bondosos fizeram-me interrogações sobre uma novela que se exibe recentemente com personagem de Sófocles, sobressaindo Jocasta e Édipo. Pelo que me contaram o extraordinário grego está sendo deturpadíssimo.

Quem melhor entendeu a tragédia do autor citado foi Freud, da qual tirou o complexo de Édipo. A censura no Brasil devia existir para que se evitassem grosseiras deturpações das obras de escritores falecidos e que merecem o respeito das gerações sucessivas.


A. Tito Filho, 04/11/1987, Jornal O Dia

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